Ao longo dos séculos, muita gente encontrou em
Sintra excelentes condições não só para
ali viver como também para passar algumas temporadas durante o ano.
Monarquia, aristocracia e burguesia portuguesa e estrangeira deixaram
as suas marcas.
O Sintra é única as suas zonas circundantes encerram anos de historias e lendas que mais á frente falarei a propósito
de alguns locais de pesca.
Orografia
A Serra de Sintra com pouco mais de 500 metros
de altitude estende-se ate á costa terminando abruptamente em falésias elevadas sobre o mar em toda a sua
extensão.
No Cabo da Roca são 160 metros de altura de falésia abrupta sobre o mar
No entanto existem alguns vales que se
prolongam ate ao mar interrompendo as elevadas falésias. Samarra, Magoito,
Praia das maçãs e Adraga são alguns exemplos. Nestes locais situam-se pequenas
praias de areia.
Os fundos marinhos são de pouca profundidade e maioritariamente
rochosos ou mistos. Contudo, e fruto
das correntes marítimas e direcção dos ventos uma parte do ano praticamente
toda a costa de Sintra fica assoreada.
Os difíceis
acesso ao mar e a sua orientação geográfica, virada a oeste, banhada
pelo Atlântico fazem com que esta faixa costeira esteja mais protegida da
exploração do homem mantendo assim excelentes condições para a pesca.
Desde o Cabo da Roca ate á foz do Fio Falcão são quase 20 km de faixa costeira cheia
de potencialidade.
Condições meteorológicas
O litoral Sintrense tem inicio junto ao Cabo da Roca, que é o ponto mais ocidental da Europa e sofre as influencias da
Serra de Sintra e do Oceano Atlântico.
Por ser uma costa completamente virada a oeste, fica á mercê das condições
meteorológicas vindas do quadrante
norte que não são nada bons para pescar
trazendo correntes de agua fria e mar bravo.
As condições meteorológicas do quadrante oeste, se forem muito intensas o
vento altera a ondulação embravecendo o mar o que nos impossibilita de pescar por não haver pesqueiros abrigados do
vento de mar.
Já com o tempo de leste ou de terra o efeito é
contrario ao tempo de oeste. O mar tem tendência a amansar. Nesta costa e por
ser alta e escarpada estamos abrigados do vento podendo pescar em toda a sua
extensão.
As condições meteorológicas do quadrante sul trazem
correntes de aguas quentes e azuis e se o vento for intenso pode embravecer o
mar
Locais de pesca
Começando no extremo sul do litoral sintrense,
temos a zona do Cabo da Roca que por ser de falésia abrupta sobre o mar, os
caminhos para chegar á agua ou o seu regresso
envolvem grandes esforços físicos. Lá em baixo o terreno é um amontoado
de rochas enormes em que precisamos de
subir e descer cada rocha para podermos progredir no terreno.
O tipo de pesqueiros é junto a agua pelo que o
mar tem de estar com ondulação inferior a 1.5m
para se pescar em segurança. No que toca á direcção do vento, devemos escolher tempo de sul ou de leste.
Os fundos são rochosos com muito marisco e
quando o litoral de Sintra fica
assoreado esta zona torna-se em fundos
mistos.
Por estes lados o Sargo é o peixe que mais se captura, podendo também
encostar em alguns pesqueiros Robalos e Douradas e no verão Carapaus e Bailas
Seguindo um pouco para norte temos a região
compreendida entre a Praia da Ursa e a Praia da Adraga.
Toda esta zona e caracterizada por elevadas
falésias com acessos muito difíceis á agua havendo muitos pesqueiros em que o acesso é feito através
de cordas e escadas improvisadas Todo o
cuidado é pouco, diria mesmo que é uma zona de pesca apenas para os
conhecedores e gentes da terra.
Esta zona tem muitos pesqueiros em que permite pescar com as mais variadas
condições de tempo e mar.
Por aqui
as zonas junto ás Praias quer da Ursa quer da Adraga os fundos tendem a
ser mistos ou completamente assoreados. Desta forma os robalos entram bem
nestas zonas. Deixando a zona de areal os fundos são rochosos com bastante
marisco e os Sargos são a principal espécie capturada. Em algumas épocas do ano
as Douradas mobilizam muitos pescadores capturando-se excelentes exemplares.
É uma zona de grande beleza natural e existem
algumas lendas sobre esta zona.
“. A Praia
da Ursa, deve o seu nome segunda a lenda, a uma ursa que desobedeceu às ordens
dos deuses, recusando-se a migrar para Norte com os seus filhotes quando os
gelos que cobriam a Serra de Sintra começaram a derreter. Iradas, as divindades
transformaram a ursa desobediente numa enorme pedra e os filhotes em pequenos
calhaus para sempre dispersos em seu redor.”
“Lenda de Alvidrar
Há muitos séculos atrás, o Deus Vulcano, figura sinistra e perversa, jurou vingar-se para todo o sempre duma formosa princesa, espelho de virtudes sem par.
O maligno Vulcano, seguindo ruins desígnios, pretendeu casar-se com a esbelta princesa que já a outro prometera a sua mão.
Pouco satisfeito com o inesperado facto, quis saber de quem se tratava. Furioso ficou quando soube que o futuro esposo da gentil princesa era o seu próprio sobrinho, filho primogénito da sua irmã. Imediatamente acorreu à casa de sua irmã Zipa e queixou-se do seu desespero. Esta fez-lhe ver que nada tinha com o próximo enlace. Jovens e obedientes aos pais de cada um, tudo neles concorria para que fossem felizes.
Em consciência nada teria a opor-se e recomendou ao irmão prudência e resignação; a casta princesa não era para a sua idade, merecia um jovem como ela.
Vulcano não acatou os conselhos prudentes e nobres da irmã.
Chegando a seus domínios, organizou fortíssima expedição que se dirigiu para as terras da princesa Al-Vidrar e de seu sobrinho Foje.
Zipa veio ao seu encontro mas nada deteve Vulcano.
Naquela cruenda batalha restam os corpos vulcanizados dos moços namorados aos quais chamamos PEDRA DE ALVIDRAR E O FOJE.
Há muitos séculos atrás, o Deus Vulcano, figura sinistra e perversa, jurou vingar-se para todo o sempre duma formosa princesa, espelho de virtudes sem par.
O maligno Vulcano, seguindo ruins desígnios, pretendeu casar-se com a esbelta princesa que já a outro prometera a sua mão.
Pouco satisfeito com o inesperado facto, quis saber de quem se tratava. Furioso ficou quando soube que o futuro esposo da gentil princesa era o seu próprio sobrinho, filho primogénito da sua irmã. Imediatamente acorreu à casa de sua irmã Zipa e queixou-se do seu desespero. Esta fez-lhe ver que nada tinha com o próximo enlace. Jovens e obedientes aos pais de cada um, tudo neles concorria para que fossem felizes.
Em consciência nada teria a opor-se e recomendou ao irmão prudência e resignação; a casta princesa não era para a sua idade, merecia um jovem como ela.
Vulcano não acatou os conselhos prudentes e nobres da irmã.
Chegando a seus domínios, organizou fortíssima expedição que se dirigiu para as terras da princesa Al-Vidrar e de seu sobrinho Foje.
Zipa veio ao seu encontro mas nada deteve Vulcano.
Naquela cruenda batalha restam os corpos vulcanizados dos moços namorados aos quais chamamos PEDRA DE ALVIDRAR E O FOJE.
Esta formação rochosa encontra-se a sul da Praia da Adraga.
Ao contrario da restante falésia que formada por precipícios verticais e que é característica desta zona, a Pedra de Alvidrar é um troço de falésia com uma inclinação bastante acentuada que nos leva até mar.
Sobre esta pedra existem historias bastante antigas
Ao contrario da restante falésia que formada por precipícios verticais e que é característica desta zona, a Pedra de Alvidrar é um troço de falésia com uma inclinação bastante acentuada que nos leva até mar.
Sobre esta pedra existem historias bastante antigas
Continuando o nosso caminho para norte temos a zona da
compreendida entre a Praia das Maçãs e as Azenhas do Mar. Aqui a altura da
falésia cresce á medida deixamos a Praia das Maçãs e chegamos á Azenhas Mar. Em
toda esta zona os acessos á agua são fáceis e sem dificuldade . Esta zona fica
assoreada com muita frequência e uma vez que esta muito exposta ás nortadas e
ventos de oeste devemos escolher dias com pouco vento e ondulação inferior a
1.5mt Esta é uma zona que esta assoreada durante grande parte do ano mas aqui
a espécie que mais atrai os pescadores
é a Dourada.
O Bico da Messe é o pesqueiro mais concorrido havendo
pescadores 24h por dia quando elas encostam.
Sargos e robalos também saem com muita frequência nesta zona
Também aqui há uma historia sobre a origem do nome de Praia das Maçãs.
“A Praia das Maças deve o seu nome ao facto da Ribeira de Colares que ali desagua, ter corrido em tempos entre pomares de macieiras, pelo que a fruta, quando estava madura, caía na água e ia dar à praia.”
“
A próxima zona é uma extensa área muito semelhante em toda a sua extensão e que vai da Praia do Magoito ate Casal Pianos. Aqui as falésias são altas mas os caminhos que nos levam ao mar são de fácil acesso. Lá em baixo apesar de ser um amontoado de rochas em muitos locais existe locais planos e muitos fáceis de mudar de pesqueiro.
Esta zona também fica assoreada com alguma facilidade.
Sargos e Robalos são as espécies que mais se capturam durante todo o ano . As Douradas também dão o ar da sua graça nesta zona. No verão Carapaus, Cavalas e Bailas encostam com facilidade atraindo muitos pescadores para a pesca nocturna
E por ultimo temos a zona que começa na Praia da Samarra e vai ate ao Cabo de Vide
À semelhança de outra zonas do litoral sintrense, aqui as falésias são elevadas mas os caminhos que nos levam ate ao mar são fáceis de percorrer.
Os Sargos e os Robalos sem muito nesta zona e as Douradas também fazem por aqui a sua aparição. No verão Carapaus, Cavalas e Bailas também encostam fazendo as delicias dos pescadores que aqui se deslocam.
Nesta zona também existe historia.
“No topo sul da Samarra existiu um povoado
da idade do cobre, há perto de quatro
mil anos - o povoado de Pedranta e
existem também gravuras rupestres .
No topo norte foi descoberta uma jazida com
ossos de mais de 100 indivíduos”
Material e iscos
Como podem constatar pelas fotos esta costa é
muito rochosa e talvez a grande maioria dos pesqueiros situam-se ao nível da agua ou seja menos de 5 metros de
altura. Desta forma as canas a usar podem ser de 5 metros sendo o mais
aconselhado canas de 6 metros por serem
mais polivalentes. Nesta costa existe sempre ondulação e este tipo de
canas permite-nos pescar mais afastado do mar.
Os carretos são o tamanho 4000 de boa
qualidade com boas linhas quer na madre quer nos empates, pois esta costa tem
proporcionados excelentes troféus a quem aqui pesca.
Os anzóis são os normais para as espécies aqui
existentes sendo o chinu e o anzol clássico os mais utilizados.
As bóias são as tradicionais, tipo caneta e o
muito famoso Peão Algarvio que tem ganhado muitos adeptos por estas bandas.
A rebeca e o chalavar aqui são quase peças
obrigatórias.
No que toca aos iscos, o camarão, e a sardinha
são os mais utilizados
Os ouriço, são utilizados para a captura das douradas.
Mexilhões, amêijoas, teagem e outros anelídeos
e são outros iscos que muitos dos pescadores também utilizam..
O engodo de sardinha também é obrigatório. Bem moído para os Sargos e mal pisado para
os Robalos.
Notas finais
Se podermos estabelecer um calendário anual de
capturas de espécies para esta zona,
poderá ser algo deste género
Sargos - Outono - Primavera
Robalos- Outono- Inverno
Douradas- Primavera
Carapaus- Verão
Bailas- Verão
Cavalas- Verão
Fotos com
localização de alguns Pesqueiros
Cabo Roca Bico Messe
Legenda
1 Pedra da Azoia
2 Pedra que Bole
3 Noivas
4 Pedra de Alvidrar
5 Pedra do sal
6 Bico da messe
Magoito Samarra
Legenda
7 Ponta das Insimas
8 Gerebeto
9 Pedra do Murzelo
10 Laje
11 Reboleda
12 Castelo
Samarra Cabo de Vide
Legenda
13 Espinhaço
14 Cavalinhos
15 Ribeira da Mata
16 Cabo de Vide
Sites consultados:
Câmara de Sintra. www.cm-sintra.pt
Igespar- www.igespar.pt
Curiosidade
Musica
Este videoclip foi rodado no litoral
sintrense. A praia onde decorem as filmagens é a Praia das Maçãs
Também existem imagens aéreas do guincho e de
praticamente de todo o litoral sintrense
A Primeira imagem do videoclip é da Praia da
Aguda
17 segundos estrada do guincho
33 segundos panoramica Praia das Maçãs
50 segundos Praia da Aguda
1 minuto entre Praia da Ursa e Praia da Adraga
1, 05 extremo sul da Praia Grande
1.14 Praia Grande
1.35 Praia da Ursa
2.08 Extremo sul Praia das Maçãs
2.33 Praia da Crismina – Guincho
2.47 Extremo sul Praia Grande
3.06 Praia do Guincho
Este artigo foi publicado na revista "O Pescador"
3 comentários:
Parabéns pelo post, está muito completo, bem detalhado e exemplificado :)
Tendo já visitado alguns desses cantinhos, devo dizer que estão aí praticamente os sítios "must" a visitar ;)
Abraço!
Obrigado pelo comentário, De facto esta costa é fantástica. Dá para pescar todo o ano.
Abraço
Boas, pode-se pescar na praia da Crismina (Guincho) fora da época balnear?
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