quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Drag vs Carreto destravado


Este é um tema muito pouco discutido mas mesmo assim as opiniões são divergentes.
Qual a forma mais fácil de trabalhar um peixe quando ferrado, se a utilização do drag ou a utilização da manivela para dar linha ás investidas do peixe.

O Drag de um carreto também conhecido por embraiagem tem uma função que é libertar linha de acordo com a tensão desejada. Os fabricantes tem feito melhoramentos neste campo.

As embraiagens da grande maioria dos carretes é composta por discos metálicos intrecalados por discos de um outro material que pode ser grafite ou feltro.

Resize of drag aberto

Estes discos estão dentro das bobines A embraiagem funciona da seguinte maneira:
Ao apertarmos o botão da embraiagem vamos exercer pressão entre o conjunto de discos e desta forma a bobine ficará mais presa e libertará menos fio. Se desapertarmos o botão da embraiagem os discos terão menos pressão libertando a bobine que por sua vez libertará mais facilmente o fio.
As embraiagens de um carreto devem ser de qualidade de forma a que cumpra a sua função. Esta deve libertar a linha de forma fluida e continua quando é exercida determinada pressão..
Se a libertação é feita aos soluços então a embraiagem não é de qualidade ou algo não esta bem. Precisa ser revista e reparada.
Quando se tentar afinar a embraiagem e nota-se que não se consegue por estar muito fechada e ao abrir ela fica demasiado solta, ou seja parece que não há meio termo, também é um sinal de fraca qualidade ou avariada.
Uma das causas de avaria das embraiagens é a lubrificação dos discos ou a acumulação de sujidade ou areias.
Os discos das embraiagens não devem ser lubrificados. Se o fizermos o que acontece é que mesmo apertada a embraiagem a bobine irá sempre soltar fio porque os discos estão impregnados de óleo. É o mesmo que colocarmos óleo nos calços dos travões do nosso carro. Ele simplesmente não trava.
No caso da sujidade ou areias o que vai acontecer é que os discos não são comprimidos adequadamente e por isso a sua eficácia fica diminuída.

Voltando ao tema inicial vamos abordar alguns aspecto que dividem os pescadores na utilização quer da embraiagem quer da manivela para trabalhar o peixe ferrado

Drag ou embraiagem

Pelo que tenho observado a grande maioria dos pescadores tal como eu utiliza a embraiagem para trabalhar o peixe ferrado.

Uma preocupação que devemos ter é ter a embraiagem ligeiramente aberta para a possamos ouvir “cantar zzzzzzzzz “ quando ferramos um bom exemplar.
Ao termos a embraiagem ligeiramente aberta vai permitir que o peixe leve linha de forma controlada evitando a ruptura da linha. Desta forma podemos controlar as investidas do peixe dando linha quando ele puxa com determinada força e recuperando quando ele afrouxa as investidas.
É aqui que surgem as primeiras criticas á utilização da embraiagem no controlo do peixe.
Se tivermos por exemplo um robalo de 2kg ferrado nas primeiras investidas ele foge mar “a dentro” a nossa preocupação é dar linha abrindo a embraiagem, no momento da recuperação muitas vezes não há efectivamente uma recuperação por a embraiagem estar muito solta e os momentos de fechar embraiagem ou abri-la novamente quando de uma nova investida do peixe pode originar perda de contacto e tempo de reacção que podem ser fatais implicando a perda do peixe.
Este tipo de operação implica o retirarmos a mão da manivela do carreto deslocando - a para o botão da embraiagem.

Resize of regular a embraiagem

Uma forma de evitarmos a perda de tensão e contacto com o peixe é no momento do aperto da embraiagem é puxar com a cana o peixe mantendo a tensão da linha e o seu contacto evitando que o peixe dê um esticão na linha partido o estralho

Outra das criticas que tenho ouvido é que com o drag aberto o peixe vai levando linha enquanto quiser, podendo por vezes deslocar-se para junto das pedras levando muitas vezes á perca do peixe pelo contacto da linha com a pedra.
Neste campo podemos de uma maneira fácil controlar a linha limitando a sua saída.
A utilização do dedo indicador da mão que segura a cana junto da bobine actuado como travão mantendo a outra mão livre para recuperar ou mesmo actuar sobre a embraiagem.

Resize of dedo indicador bobinee

Resize of controlando a saida saida de linha

Outra situação que pode ocorrer com peixe de menor porte é no momento de içar o peixe. Por norma nunca fechamos muito a embraiagem com medo que o peixe faça nova investida e no momento de içarmos o peixe a embraiagem larga fio e neste momento perde-se a oportunidade de por o peixe em seco ficando muitas vezes pendurado. Assim temos de o voltar a polo na agua e fechar a embraiagem ou mesmo pendurado, fechamos a embraiagem e recolhemos com a manivela.

Resize of travar bobine ao içar

Estes momentos muitas vezes são fatais.
Para este tipo de situação em que não fechamos completamente a embraiagem no momento de içar o peixe eu utilizo a mão deslocando-a da manivela para a bobine para travar impedindo-a de largar fio.
Esta são alguns exemplos dos problemas que podemos encontrar na utilização da embraiagem como controlo do peixe quando ferrado. Cada um pode encontrar formas diferentes para resolver as situações que nos surjam.

Carreto destravado

Tenho observado bem de perto a utilização desta técnica por parte de 2 companheiros de pesca. O “Trakinas” e o Vítor Manalvo
Esta técnica consiste em controlar todos os movimentos do peixe quando ferrado com o movimento do carreto ora dando linha rodando a manivela em sentido contrario nas investidas do peixe ora recuperando.

Resize of destravar carreto

Neste ponto surgem as criticas dos defensores da utilização da embraiagem.
No momento da ferragem e primeira investida que por norma é a mais forte como fazer frente ?
Nesta situação em concreto há 2 elementos que são fundamentais. A cana e as linhas.
Na pesca á bóia a cana é um elemento com bastante flexibilidade que por si só pode amortecer o primeiro impacto dando algum tempo de reacção para desenrolar a linha suficiente para acompanhar a investida do peixe.
No que toca ás linhas a utilização de linhas de boa qualidade e a sua elasticidade jogam também a favor do pescador.
As investidas inesperadas são o “calcanhar de Aquiles” para que usa esta técnica. A destreza e o conhecimento dos materiais com que pesca são fundamentais para se ter êxito neste capitulo
Os defensores desta técnica afirmam que o contacto com o peixe é permanente controlando a totalidade dos seus movimentos

Notas finais

No meu entender ambas as técnicas tem vantagens e desvantagens.
Há que saber retirar o melhor das 2 técnicas e conjuga-las de forma a aumentar a eficácia.
Tanto uma técnica como outra é preciso adaptarmo-nos e desenvolvermos procedimentos que sejam eficazes numa dada situação. O peixe quando ferrado nem sempre reage da mesma forma. Por vezes capturamos grandes exemplares que não dão grande luta outras vezes pequenos exemplares fazem-nos suar para os pormos cá fora. Cada caso é um caso e só experiência e analise constante das situações é que nos vão indicar qual a melhor forma capturarmos o peixe.

Resize of foto peixe 1

Regular embraiagem

Uma forma fácil de regular a embraiagem para que ela solte linha apartir de determinada pressão é fazer da seguinte maneira :
Se temos uma linha com carga de ruptura de 6 kg podemos regular por exemplo para 1.0 kg
Este valor é um valor seguro tendo em conta que as linhas tem nós e como tal perdem parte da sua capacidade de carga.
Definido o valor da tensão apartir da qual queremos que a embraiagem largue fio, pegamos num objecto com esse peso e suspendemos na cana.
Abrimos a embraiagem ate que a bobine comece a largar fio de forma suave e continua.
Desta forma temos a embraiagem regulada para o valor que queremos,
Podemos então fazer uma marca com um marcador permanente na bobine e botão dela de forma que em caso de necessidade de mexermos na embraiagem, possamos rapidamente voltar a regular para o valor que tínhamos.

Resize of marcar valor

Este Artigo foi publicado na revista"O Pescador"

Nenhum comentário: